Duas alunas da rede estadual de ensino de São Paulo representaram os grupos dos quais fazem parte durante a festa de premiação da 50ª edição do Concurso Cientistas de Amanhã , em Belém, no Pará, na última semana. Pamela Michele Dantas de Souza, de 17 anos, aluna da escola Murtinho Nobre , e Thais Soares Neves, de 12 anos, da escola Francisco Voccio , da Capital, foram escolhidas pelos colegas para irem até a região norte do País participar da cerimônia que concedeu a menção honrosa às escolas paulistas.
A equipe da escola Murtinho Nobre , da DE Centro Sul, representada por Pamela Michele, é formada ainda pelos alunos Denise Souza, Duílio Souza, Gisele Scrivano e Patrícia Scatigno, orientados pela professora de ciências Maria Regina Martins Minura. “Foi uma satisfação para todos nós. Tanto é que os alunos estão dispostos a fazer outros projetos, motivados pela vitória, para ter um contato mais interessante com a ciência mais interessante”, explicou a orientada do grupo.
Os projetos
Tudo começou quando os alunos da escola Murtinho Nobre resolveram descobrir a relação entre a acidez da saliva e a dieta alimentar. Pela internet, descobriram que o líquido presente na boca poderia indicar a incidência de cárie. O próximo seguinte foi colher amostras de saliva dos alunos da quinta série da escola, e partir para o trabalho de pesquisa, fora do horário normal de aula, entre março e junho. Foi quando descobriram que, quanto maior a acidez (ph) da saliva, maior a chance de desenvolver a cárie.
Já o projeto desenvolvido pelos alunos da escola Francisco Voccio teve como tema a abordagem ecossistêmica como instrumento para o planejamento e a valorização das florestas urbanas. Na cerimônia de premiação, o grupo de alunos pesquisadores foi representado por Thais.
Novas descobertas
Recém chegada de Belém do Pará, onde recebeu o prêmio, Pamela ainda está eufórica com a vitória. “Curti muito fazer o trabalho. Aprendi até a mexer no computador e apresentar os resultados da pesquisa para as crianças da quinta série da escola. Lá no concurso, tive contato com alunos de diferentes lugares, como os moradores de zonas rurais. E com diversas maneiras de falar sobre ciência, assim como as coisas diferentes que conheci em Belém do Pará”, contou a menina.
Sobre o concurso
Desde a primeira edição, O Cientistas de Amanhã tem influenciado várias gerações de jovens e contribuído para difundir o interesse pelo conhecimento científico junto aos estudantes brasileiros. Entre os ganhadores do concurso estão trabalhos realizados por estudantes que, hoje, são importantes pesquisadores, muitos dos quais já tiveram a oportunidade de afirmar o papel fundamental que o concurso teve na definição de suas carreiras científicas.
A existência deste Concurso, fruto da dedicação de inúmeros professores, estudantes, pesquisadores e representantes da sociedade civil e do governo, é uma evidência de que o ideal democrático da construção de um saber coletivo e ao qual todos possam ter acesso – ideal que deu origem ao concurso – permanece vivo na sociedade brasileira.
Os problemas a serem enfrentados para a consecução deste objetivo, que passa pela preparação do jovem estudante para a construção e a compreensão do conhecimento científico, são de grande importância e exigem, para a sua superação, a colaboração de diversos setores interessados na realização de uma sociedade mais igualitária.
A intenção original do Concurso Cientistas de Amanhã , de revelar talentos científicos nos ensinos fundamental e médio brasileiros, traz consigo esta outra, de permitir a ação conjunta de atores sociais que, de outra maneira, poderiam ter impedidos seus canais de comunicação.
Pesquisadores se reúnem com professores e estudantes e encontram, por meio deste concurso, uma oportunidade de diálogo e de convivência. Assim, ele representa o sentido maior da criação do IBECC. Precisamos associar aos trabalhos da Unesco, e à realização de seus objetivos, os principais grupos nacionais que se interessam pelos problemas da educação, da pesquisa científica e da cultura”, explicou a presidente do IBECC/São Paulo e coordenadora do Concurso, Eda Terezinha de Oliveira Tassara.
Celso Bandarra