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terça-feira, 26/06/2018
Educação Indígena

Alunos de escola indígena criam projeto para o córrego Pirá, em Tupã

O córrego corta a aldeia indígena localizada na cidade de Tupã

Com o objetivo de recuperar o volume de água do córrego Pirá, que corta a aldeia onde vivem no município de Tupã, os alunos da escola Indígena Índia Vanuíre, da escola indígena Índia Vanuíre, desenvolveram o projeto ‘Minhág akuãng rerré/ goiô’ (‘Água boa é vida’, na língua nativa da aldeia).

O objetivo é recuperar o volume de água do córrego, que vem diminuindo com o passar do tempo, o que está acabando com os peixes que costumavam viver no Pirá.

O projeto é um dos escolhidos no Estado de São Paulo para participar da 5ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, realizada em junho deste ano em Sumaré, interior de São Paulo.

Tudo começou a partir de uma ideia do vice-diretor da unidade, Mário Cecílio Damasceno, de analisar, catalogar e enumerar as nascentes existentes dentro da reserva indígena onde se localiza a aldeia. Os 50 alunos e nove professores da escola, assim como os pais dos estudantes participaram da concepção do projeto.

Foram pesquisadas e contabilizadas 16 nascentes dentro da reserva indígena onde fica a escola e em algumas fazendas perto da aldeia. Após a pesquisa, os estudantes e docentes perceberam que o Pirá está diminuindo devido ao desmatamento do seu entorno, que se transformou em área de pastagem e plantio de cana-de-açúcar, deixando as nascentes desprotegidas, assim como seus afluentes.

Diante desse cenário, desenvolveram um trabalho de conscientização voltado à população da região, e também passaram a atuar como fiscais e monitores das áreas de nascentes, cuidando para que não sejam degradas e as matas ciliares e árvores possam se desenvolver para fortalecer esses mananciais.

“Juntos, pudemos analisar que algumas das minas e nascentes corriam risco de contaminação, soterramento e até mesmo de desaparecerem por causa do descontrole de agricultores e pela falta de matas ciliares”, conta Lidiane Damaceno, professora e uma das coordenadoras do projeto.

A expectativa é que o córrego volte pelo menos parcialmente. Isso já contribuiria de forma significativa para que os peixes pudessem voltar.

“Nosso foco principal agora é buscar parceiros para o desenvolvimento de uma ação para o plantio de árvores nativas no leito do Pirá e em suas nascentes. Hoje, o local é cercado de plantações de cana-de-açúcar e a ideia é montar um projeto maior que nomearemos de ‘O Iacri grita por socorro’, que é um rio que está próximo à aldeia e que também tem sofrido com o soterramento, assoreamento e falta de matas ciliares ao longo de seu leito”, explica a professora.

Curso gratuito para orientar professores sobre questões da cultura indígena

Está disponível 11 videoaulas sobre histórias e culturas indígenas na escola. O material é conduzido pelo especialista e ex-aluno da rede, professor Dr. Giovani José da Silva, que atualmente é docente da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). As aulas estão disponíveis nesse link.

Os vídeos, disponibilizados pelo NINC – Núcleo de Inclusão Educacional da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, apresentam sugestões de leitura para se trabalhar as questões indígenas na sala de aula.

“E eu me coloco no lugar dos professores que estão na sala de aula, precisando de bons materiais, que dialoguem com eles, numa linguagem acessível. Esse professor já passou por formação, mas encontra dificuldade em encontrar um bom material”, explica doutor Giovani. E acrescenta: “hoje sou professor de ensino superior, mas já passei boa parte da carreira dando aulas em escola de educação básica”, afirma.

 Julieth Aquino, técnica do Núcleo de Inclusão Educacional – NINC, cita que há desinformação sobre a cultura. “O foco não é a educação escolar indígena, mas o professor da educação básica, até porque há um desconhecimento muito grande sobre os povos indígenas”, fala.