Organizado pelos alunos do período noturno com a ajuda dos professores, evento durou dois dias e envolveu mil e seiscentos estudantes
A Escola Estadual Euclydes Deslandes, de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, saiu na frente ao lembrar o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. Nesta quinta e sexta-feira, dias 16 e 17, os mil e seiscentos alunos – apoiados por toda a comunidade escolar – transformaram a unidade escolar em palco de diversas manifestações culturais e artísticas.
Organizado pelos seiscentos estudantes do período noturno – que reúne estudantes de ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) – o evento discutiu questões como Desmistificação do Conceito de Raça, Dimensões do Preconceito Racial, e A Experiência do Protesto Coletivo no Brasil Escravista como Busca de Identidade.
Além de cartazes com textos e fotos sobre vários temas ligados à questão racial, os alunos também confeccionaram o jornal Revolução Urbana: o Jornal Revolucionário. Outro diferencial do Dia da Consciência Negra – antecipado na Euclydes Deslandes – foi a participação dos pais, que vieram à escola ver os trabalhos dos filhos, e ainda, assistir as apresentações da Orquestra do Bairro São José, e do grupo de capoeira formado pelos alunos.
Envolvimento
Entre os educadores da escola que apoiaram os alunos em todas as etapas da organização do evento, o balanço é mais do que positivo. “Houve muita interação entre todos os alunos e disciplinas. E mais. A comunidade – incluindo pais, irmãos e amigos dos estudantes – veio até a escola para participar da festa”, explicou a professora de matemática e Educação de Jovens e Adultos (EJA), Júnia Dias Pereira.
Na rede estadual de ensino, ações para acabar com a discriminação dentro e fora da escola
Sensibilizar os professores em relação à temática racial, e buscar a compreensão e a reflexão dos processos discriminatórios tanto em sala de aula como na sociedade. Este é um dos principais objetivos do Programa São Paulo: Educando pela Diferença para a Igualdade, uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e o Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra com apoio do Ministério da Educação, via Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), e executado pela Universidade Federal de São Carlos.
A idéia é desenvolver ações de formação, acompanhamento e avaliação de um curso para professores do ensino fundamental (ciclo I) e Ensino Médio com ênfase na diversidade étnico-racial.
Público alvo e cumprimento da lei
O curso atende a uma parcela de professores que não teve conteúdo relacionado à temática racial em sua formação básica e também às exigências da lei 10.639/03 que estabelece a introdução da história da cultura afro-brasileira e história da África, e do Parecer CNE/CP 003/2004, que define as diretrizes curriculares nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Mais sobre o Programa
O São Paulo: Educando pela Diferença para a Igualdade pretende ainda construir com os professores atividades educativas e pedagógicas que busquem enfrentar a questão da discriminação, construindo outra perspectiva que enfrente e acolha as diferenças e diversidades.
Os projetos e propostas didático-pedagógicas serão levados às salas de aula do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série) e Ensino Médio (História, Língua Portuguesa e Artes). Além disso, pretende-se estimular também que os três princípios básicos do Parecer CNE/CP 003/2004 façam parte dos projetos político-pedagógicos das escolas. São eles: Consciência Política e Histórica da Diversidade; Fortalecimento de Identidades e Direitos e Ações Educativas de Combate ao Racismo e a Discriminações.
Meta
Até o final deste mês de novembro cerca de 16.160 professores, das 90 Diretorias de Ensino, de ensino fundamental (ciclo I) e médio terão participado do programa, passando por videoconferências, pesquisas orientadas, discussão de textos e apresentações de projetos que fazem parte da avaliação do curso. As capacitações ocorrem em dois módulos de 40 horas, totalizando 80 horas de atividades presenciais e não presenciais. O custo total do Programa, do piloto até o final, foi de R$ 1.515.488,00.