Duas escolas estaduais de São Paulo estão entre as 20 semifinalistas da 7ª edição do Prêmio Respostas para o Amanhã, iniciativa da Samsung com coordenação geral do CENPEC Educação – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. A competição desafia alunos e professores da rede pública a desenvolverem soluções para problemas locais com experimentação científica e tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Em São Carlos as alunas Iris, Maria Julia e Rebecca, da escola estadual Profº Sebastião de Oliveira Rocha, orientadas pela professora de Química, Bárbara Rodrigues formaram o Clube de Ciências Meninas nas Exatas – Projeto JADes – Juntos Acabaremos com o Desperdício que trabalha com a problemática do desperdício de alimentos que está elencada na 12ª ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Outro objetivo do trabalho é incentivar a comunidade escolar a ter hábitos alimentares mais saudáveis de acordo com a 3ª ODS.
“A questão da igualdade de gênero também é uma ODS da ONU, então o nosso projeto acaba abrangendo além da 3ª e 12ª a 5ª que fala em empoderar todas as mulheres e meninas”, explicou a professora.
Após coletarem dados sobre os hábitos alimentares da própria escola, usando de base um estudo da USP São Carlos, as alunas tiveram a ideia de desenvolver um aplicativo para controle do desperdício de alimentos na escola e também a construção de um biodigestor para reaproveitamento de eventuais resíduos, esse projeto está sendo realizado por outro clube de ciências da unidade que é o orientado pela mesma professora, o TESLA (Tecnologia Escolar Sustentável Logada ao Arduino).
No aplicativo os alunos da escola poderão informar se pretendem ou não comer a refeição oferecida no dia, deixando mais precisa a quantidade que deve ser preparada e deixar avaliações sobre o alimento e sugestões. Além de trazer informações importantes sobre o porquê de uma alimentação saudável e sua contribuição para um melhor rendimento escolar.
As alunas aprenderam os conceitos necessários para o desenvolvimento do aplicativo através do Technovation Summer School for Girls 2020, cujo objetivo é ensinar às meninas métodos inovadores e criar competências para a conceitualização, desenvolvimento e comercialização de aplicativos que ajudem a solucionar problemas da comunidade.
Projeto para auxiliar crianças autistas
A escola estadual Ernani Rodrigues, em Assis, também é uma das 20 finalistas com o projeto “Niara: intervenção escolar com inteligência artificial – uma possibilidade de auxílio ao ensino de crianças autistas” dos estudantes Beatriz Simão Chad, Felipe Rodrigues Moya Bonilha, João Victor Nunes Corado, Leonardo Marzola Correia e Maria Eduarda Dourado Ferreira. O trabalho conta com orientação de três professores, Ricardo Portes Pataro, Patrícia Regina de Morais Bertolucci Cardoso, Alessandro Junior Pereira e surgiu com o intuito de desenvolver a aprendizagem de alunos com necessidades específicas como autistas.
Na primeira fase do concurso foi apresentado o projeto inicial agora os alunos estão desenvolvendo o protótipo do robô e a programação de uma atividade gamificada de língua portuguesa. O robô será o narrador deste jogo que irá interagir com o aluno, apresentando cenários de acordo com a tomada de decisão do jogador. Sendo que para passar de fase o estudante resolverá enigmas.
A criação do jogo em RPG deve passar por avaliações de especialistas para se tornar mais assertivo nas respostas e nos resultados para o aluno. Enquanto as aulas seguem remotamente, os alunos têm se reunido com os professores pelo menos uma vez por semana via meet para discutirem sobre o andamento do projeto.
“Num primeiro momento achamos que seria impossível tocar o projeto, porém aos poucos fomos nos adaptando e conseguimos estabelecer uma rotina de trabalho. A participação nesse projeto ajudou a manter os alunos engajados e experimentando múltiplas aprendizagens: a estabelecer rotinas, apropriar-se da tecnologia, lidar melhor com a adversidades e ainda desenvolver o conhecimento científico”, explicou o professor de física Ricardo Portes Pataro.
Sobre o Prêmio Respostas para o Amanhã 2020
Entre março e agosto deste ano, professores das áreas de Ciências da Natureza e da Matemática e suas Tecnologias puderam inscrever equipes compostas de três a cinco estudantes da mesma classe do Ensino Médio.
Foram apresentados projetos que diagnosticam demandas reais e apresentam soluções para contribuir com a melhoria de vida das pessoas. Cada um dos 20 contemplados como semifinalistas contará com o apoio de mentoria online para o desenvolvimento da proposta.
Em outubro, serão anunciados os 10 finalistas, que receberão mentoria online para o desenvolvimento dos protótipos. Os vencedores nacionais e por júri popular serão conhecidos em novembro.
Esta edição da competição contou com 591 projetos inscritos que mobilizaram 1749 estudantes, 997 professores e 303 escolas públicas diferentes.