Alunos da EE PEI Sebastiana Muniz Paiva, em Iguape, realizaram nos dias 9 e 11 de dezembro o 17º “Espaço Caiçara”, evento que alia a produção de artigos científicos entre alunos do Ensino Fundamental II e Médio, além de promover atividades culturais com foco nas tradições caiçaras. O tema desse ano foi “patrimônio histórico-cultural: material e imaterial”, e os textos produzidos farão parte de uma revista acadêmica impressa em 2024.
A programação do evento começou no sábado (9) com o “encontro das águas”, um desfile náutico aberto para toda a população entre os rios Suamirim e Ribeira de Iguape. A ação seguiu com uma corrida de canoas, campeonato de arremesso de tarrafa e apresentação de fandango, que é uma expressão cultural da região que envolve música de viola, rabeca e dança em pares.
Já a segunda-feira (11) foi dedicada às apresentações dos artigos científicos dos alunos, além de um bate-papo com quatro moradores locais, chamados de “mestres”: os senhores Dácio, Toninho e Ezequiel, além da dona Jandira. O debate teve como foco a preservação das “casas de farinhas”, famosos locais de produção de farinha de mandioca.
“Estamos muito orgulhosos com a edição desse ano. Tivemos uma forte participação da comunidade, além de um aumento de artigos científicos apresentados em comparação com o último ano”, explica o professor Fábio Silva, responsável pela diagramação da revista que será lançada no próximo ano. A nova edição, com publicação prevista para o segundo semestre de 2024, contará com três artigos escritos por professores e 12 por alunos.
Para o aluno do 6º ano, Luis Caetano Estevam Factore Sella, sua primeira vez no Espaço Caiçara foi inesquecível. “Eu apresentei o artigo ‘Sala dos milagres’, que conta a história de uma sala frequentada por devotos na Igreja de Bom Jesus de Iguape, que fica no centro da cidade”, explica o aluno, que escreveu o trabalho junto dos colegas Pedro Modesto Simões Neto (6º ano) e Pablo Bherto de Souza (7º ano).
A ocasião também contou com a presença dos doutores e livres-docentes da Universidade de São Paulo (USP) convidados, Antônio Carlos Diegues e Flávia Brito do Nascimento, além de representantes do ICMBio.
A edição da revista de 2023, com artigos apresentados no ano anterior, pode ser consultada por meio do link: https://heyzine.com/flip-book/d7f2bc7156.html#page/1.
História
O “Espaço Caiçara” nasceu em 2006, por meio do professor Edielson Groppo, que propôs a realização de eventos voltados para a culinária da cidade, tornando-se um projeto anual da escola em 2010. “No início, o projeto focava na venda de pratos típicos feitos pelos alunos, além das histórias que acompanham cada receita de família, como uma forma de ressaltar as potências culinárias da região”, explica o vice-diretor da escola, Douglas Souza.
No entanto, foi em 2022 que o projeto ganhou corpo na figura de uma revista acadêmica, propondo também reflexões ainda mais profundas sobre os diferentes aspectos culturais da cidade.
“Ao longo do tempo, o projeto atraiu a atenção das universidades mais próximas da cidade por promover a pesquisa acadêmica entre estudantes, principalmente do Ensino Fundamental. Já para os alunos ficou o sentimento de pertencimento, em razão do espaço disponível para investigar e contar um pedaço da própria história”, relembra o vice-diretor, professor Douglas Sousa, que se orgulha de ter três alunos bolsistas de iniciação científica na Universidade Federal do ABC por suas respectivas pesquisas no “Espaço Caiçara”.
