Museu Manabu Mabe, em homenagem ao pintor japonês que viveu em nosso País, poderá ser inaugurado em 2008, ano da comemoração do centenário da imigração japonesa no Brasil
O prédio da Escola Estadual Campos Salles, na Capital, desativada há 13 anos, ganhou um novo destino: será a sede do Museu de Arte Moderna Nipo Brasileira Manabu Mabe. O decreto que autoriza o uso do imóvel pelo Instituto Mabe foi assinado pelo governador Geraldo Alckmin nesta terça-feira, dia 30, no Palácio dos Bandeirantes. A cerimônia também teve a presença do secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita. “O local onde antes crianças e jovens aprenderam agora estará servindo como espaço de cultura, para que ela possa ser difundida e preservada”, lembrou Chalita.
Como será
O prédio cedido pela Secretaria de Estado da Educação será tombado pelo Condephaat com a autorização do Governo por intermédio do Conselho do Patrimônio Imobiliário. O que mais pesou na decisão favorável foi o alto valor que teria de ser investido pelo Estado para restaurar o imóvel. O projeto e os recursos de restauração ficarão a cargo do Instituto Manabu Mabe, que prevê a finalização obra em 2008.
A presidente do Instituto, Yoshino Mabe, viúva do pintor, fez um discurso breve e emocionado. “Que bom saber que temos amigos para construir o espaço que irá homenagear meu marido. Se ele estivesse aqui também seria assim. Mabe era uma pessoa simples. Sempre lutou para conseguir espaço para suas obras.” E completou. “Que o Museu seja o lugar ideal para a apresentação de obras de grandes artistas e talentos.”
Brasil e Japão
Já a importância do povo japonês foi lembrada pelo vice-governador Cláudio Lembo, que preside o grupo de trabalho responsável pela organização da festa que marca os 100 anos de imigração japonesa no Brasil. “Mabe permitiu que Brasil e Japão tenham caminhado juntos na arte brasileira”, disse.
Geraldo Alckmin também citou a forte ligação entre os paulistas e o Japão. “São Paulo é a terra do Japão no Brasil. A maior comunidade está aqui, e o Estado deve muito em relação a construção de São Paulo. Aliás, até hoje o povo japonês têm papel fundamental neste processo, seja no comércio, indústria, agricultura ou no setor de serviços.” A garra do povo japonês também foi lembrada pelo governador. “Nós aprendemos, com a cultura oriental, esse amor pelo trabalho. É ele quem constrói dias melhores.”
O homenageado
Manabu Mabe imigrou do Japão para o Brasil em 1934, com 10 anos de idade, a bordo do Navio La Plata Maru. Aos 18 anos, começou a trajetória para se tornar pintor. Em 1959 recebeu na V Bienal de São Paulo, o Prêmio de Melhor Pintor Nacional das mãos do então presidente da Republica, Juscelino Kubitschek. A partir de 1959 Mabe recebeu diversos prêmios, inclusive o Prêmio Braun, na I Bienal de Jovens de Paris.
Durante todo o tempo dividia a sua moradia oficial no Brasil com pelo menos duas viagens profissionais para Nova York, Paris e Tóquio. No Japão realizou diversas obras importantes, incluindo a Boca de Pano para o palco do Teatro de Kumamoto. Na entrada do Porto de Santos elaborou um painel em mosaico para a Capela da Fortaleza da Barra Grande. Faleceu em 22 de setembro de 1997, em São Paulo.
Celso Bandarra
Fotos: Paulo Cesar