Educadores participam de capacitação sobre o tema, que chegou a 1,5 mil profissionais em 2011. Cerca de quatro mil alunos com deficiência auditiva estudam na rede estadual de São Paulo
Apenas as mãos se movimentavam. Com a sala em silêncio, o grupo de 20 educadores não tirava os olhos da tela, na qual o professor explicava a próxima tarefa utilizando a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). A aula, que acontecia na Diretoria de Ensino Campinas Oeste, faz parte do curso de Libras oferecido pelo Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado, e pôde ser vista por outras dezenas de educadores em regiões como Andradina, Barretos, Miracatu e Penápolis.
“Eu tenho uma aluna surda em minha classe e o curso está me ajudando muito na comunicação com ela”, contou Lídia Nascimento da Silva, professora da E.E. Hilda Hilst, em Campinas, onde estuda a pequena Rafaela. Assim como outros 58 alunos da região, ela tem deficiência auditiva. Em todo o Estado, esse número chega a pouco mais de quatro mil, se somados os estudantes com surdez moderada e profunda.
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A formação de professores interlocutores e a capacitação dos educadores que lecionam para esses alunos é um esforço continuo na rede estadual. Somente em 2011, cerca de 1,5 mil docentes participaram de cursos voltados para a área da deficiência auditiva. Além disso, para o apoio aos alunos surdos, em fevereiro deste ano foram cadastrados 240 professores interlocutores, que mediam em Libras a comunicação entre aluno e professor dentro da sala de aula.
A importância desse trabalho é traduzida naspalavras daquelas que durante o curso comunicaram-se apenas por meio de sinais. “Imagine se nós estivéssemos no Japão, sem saber falar japonês. Nós iríamos ficar perdidos. Então, eu me coloco no lugar do deficiente auditivo, pois ele se sente perdido já que a maioria da população não sabe Libras”, afirma Daniele da Silva Almeida, professora de educação especial da E.E. Hilda Hilst. “Eu acredito que é fundamental, não somente para educadores, mas todos aqueles que trabalham diretamente com o público deveriam conhecer libras”, aconselha Carla Jorge Neves, professora da E.E. Professor Gonçalves Messias.