O crescente número de desastres socioambientais fez do tema um destaque na pauta de discussões mundiais, o que o torna alvo de acordos internacionais que buscam a redução da emissão de gases na atmosfera pelas indústrias. Pensando nisso, a Educação promoveu o II Seminário Estadual e I Internacional de Educação em Redução de Riscos e Desastres (RRD). O evento foi realizado na EFAP, por videoconferência.
O objetivo da ação é incentivar a reflexão sobre a cultura de RRD no território nacional ampliando o debate entre especialistas e professores, problematizando temáticas e reflexões sobre a importância da formação continuada de professores e técnicos em educação no contexto, fomentando e disseminando a temática em todos os níveis.
Segundo Sergio Luiz Damiati, que integra a equipe técnica de Geografia da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, os seminários tratam as questões de riscos e desastres no que pede a legislação brasileira. Ele afirma que “é importante para o aluno para que ele tenha uma percepção dos riscos que está sujeito e possa, então, trabalhar a prevenção”.
No seminário, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as instituições que cuidam da temática e entender um pouco mais sobre os procedimentos da Defesa Civil no que se refere à Prevenção e à Resposta aos Desastres. “As mesas redondas foram muito esclarecedoras e envolveram questões técnicas, reflexões teóricas, formação continuada e prática pedagógica”, explica Patricia Silvestre Águas, Professora Coordenadora de Núcleo Pedagógico de Geografia da Diretoria de Ensino Centro.
Para ela, “ficou claro que a população não percebe as vulnerabilidades em seu entorno, pois não entendem a dinâmica da natureza e as mudanças provocadas pelas intervenções humanas, não entendendo, consequentemente, o risco que estão correndo em seu bairro ou na escola. A percepção sobre o lugar está intimamente ligada ao saber”, conclui.
O Brasil tem avançado em políticas públicas voltadas à Redução de Riscos e Desastres (RRD), no entanto tem como grande desafio a capacitação de técnicos e outros agentes que podem fomentar mudança estrutural na cultura da nação em RRD e a efetivação destas políticas no cotidiano dos agentes envolvidos. Para tanto, é necessário desencadear o diálogo na esfera pública, na academia e comunidade escolar de debates para subsidiar a Educação em Redução de Riscos e Desastres.
A Professora Coordenadora de Núcleo Pedagógico de Ciências e Educação Ambiental da DE Mogi das Cruzes, Elizabeth Reymi Rodrigues, destaca a importância da parceria. Segundo ela, “o primeiro ponto é estabelecer essas parcerias. Com isso, as escolas serão bem orientadas sobre planos de evacuação e outras ações”, concretiza Elizabeth.
A crise ambiental atrelada ao desenvolvimento urbano e outros fatores de risco tem acelerado e atingido escalas globais sendo necessária, para além de medidas estruturais – muitas vezes onerosas – a efetivação de medidas não estruturais em especial de educação em todos os níveis, sistematizando esforços para a conquista de comunidades mais seguras.
Acredita-se que uma das bases para início desta mudança de cultura encontra-se na educação básica (Ensinos Fundamental e Médio) representadas por crianças, adolescentes e jovens que influenciam no cotidiano e na percepção de riscos de pais e comunidade. Mas, como formar e empoderar jovens a partir do contexto da sua comunidade?
A realização dos seminários justifica-se pela importância da reflexão e reconhecimento dos professores como mediadores do processo de ensino-aprendizagem de jovens, inclusive com deficiência para Educação em Redução de Riscos e Desastres; necessidade de compartilhar experiências em docência com foco em Redução de Riscos e Desastres; contribuir com reflexões sobre RRD na comunidade escolar; fortalecimento da rede de especialistas em todos os setores e regiões; e reforçar a importância dos planos locais de RRD em especial voltados às comunidades escolares.
Em Campos do Jordão, na escola Theodoro Correa Cintra, as professoras Grazieli Vitoriano, de Geografia, e Aline Pellizola, de Língua Portuguesa, se juntaram após a participação no I Seminário, em 2016. Após o treinamento, ambas perceberam que era necessário mudar a abordagem dentro da sala de aula.
“Após essa elucidação, percebi que precisava de uma linguagem adequada que abrangesse os alunos e, então com o suporte teórico da disciplina de geografia, montamos um grupo de produção de pesquisa, no qual os próprios alunos produziam conteúdos e materiais a serem divulgados”, esclarece Aline Pellizola.
Foi um processo de pesquisa teórica e, como finalização, o grupo apresentou seminários para as outras turmas da escola, totalizando quase 1200 alunos informados sobre as condições de prevenção e redução de riscos. A escola também participou com uma comunicação verbo-visual na Semana Nacional de Tecnologia 2017, em São José dos Campos, situação essa em que demonstraram as pesquisas realizadas e as intervenções sociais feitas ao longo do ano.
Aline completa que “o conceito chave para o sucesso foi a interdisciplinaridade, o uso da linguagem como emancipadora e empoderadora e o envolvimento dos alunos, principalmente, que divulgaram para os mesmos em termos próximos a realidade deles”, completa.
A professora de Geografia, Grazieli Vitoriano enfatiza que na cidade as educadoras trabalham essa temática juntamente com a Defesa Civil. “E é importante no sentido de transmitir informação, quanto mais informações as pessoas tiverem sobre o problema de riscos, menos vulneráveis eles vão estar. E também estarão mais preparados para o depois, pois assim saberão como sair dessa posição, o que fazer e como fazer para superar da maneira mais fácil”, conclui Grazielli.
Histórico
O Estado de São Paulo, em 2016, realizou o I Seminário Estadual de Educação em Redução de Riscos e Desastres. No Palácio dos Bandeirantes, cerca de 400 professores da rede estadual de ensino, técnicos de Defesa Civil, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto Geológico (IG), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), lideranças governamentais, entre outros, se reuniram no Auditório Ulysses Guimarães.
O evento foi transmitido via streaming e contou com a participação online de cerca de duas mil pessoas, adentrando para a história como o primeiro Seminário Estadual voltado para a Educação Básica. A partir desta experiência, em 2018, a comissão organizadora propõe a realização do I Seminário Internacional e II Estadual de Educação em Redução de Riscos e Desastres.